terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


LIBANEO, José Carlos. Adeus professor. Adeus professora?. In: __.As novas tecnologias da Comunicação e informação, a escola e os professores. 10. Ed. São Paulo: Cortez, 2007. P.54-74. P.15-30



      A educação e a comunicação sempre andaram juntas.  Embora, frequentemente esses termos sejam tomados como sinônimos, até há quem queira substituir a teoria da educação pela da comunicação. O importante aqui é reconhecer que as práticas educativas supõem processos comunicativos, intencionais, e que a comunicação é educativa, visando alcançar objetivos de formação humana. Esses vínculos se estreitaram consideravelmente, no mundo contemporâneo, com os avanços tecnológicos e as suas transformações envolvendo novas qualificações, e, portanto, novas exigências educacionais: a pedagógica, a epistemológica e a pisico-cognitiva, no sistema produtivo.

      A prática educativa não se reduz somente à escola à  família e a comunidade,  mas também à instituições sociais, culturais, recreativas, e  meios de comunicação etc.  A escola, portanto não é  detentora exclusiva do saber. Nesse sentido a importância  que a  pedagogia  exerce para a prática educacional é abordada neste texto, com muita propriedade, em função de seu caráter intencional  de natureza política, ética psicológica e didática presentes nas transformações advindas das novas tecnologias da comunicação à medida em que viabiliza os canais necessários criando  as condições metodológicas e organizativas.

      Dentro do processo de transformação resultantes desses  impactos, o novo paradigma produtivo acompanha o processo de internacionalização da economia, da globalização e dos mercados. A escola, inserida nessa nova economia, sustentada em bases mínimas de escolarização que o capital precisaria para satisfazer necessidades de qualificação profissional, implicaria em uma acentuação da formação geral.  Outro problema discutido, é a resistência que os educadores demonstram em relação à difusão das novas  tecnologias sobre o argumento de estarem inseridos na lógica de mercado e da globalização cultural, e que  teria como efeito, a  exclusão. Negar aos alunos a oportunidade de recepção da informação, deixando-os fora do contexto de participação e inclusão no processo de crescimento intelectual, político e social.  O  compromisso com uma educação emancipatória e as demandas das novas realidades sociais, econômicas, culturais, abrangeria as tendências: qualificação, capacitação tecnológica, capacitação para cidadania e formação ética e educadores críticos.

      Na avaliação dos novos meios de tecnologia e comunicação, não se pode negar, especialmente, em relação ao caráter sociopolítico: as desigualdades que se manifestam à  medida que um  número imenso de crianças brasileiras que precisam de escola e que não têm perspectiva de serem incluídas em tais meios tecnológicos. A escola, com seus meios convencionais, não teria lugar numa sociedade com multiplicidades de novas ferramentas tecnológicas?  Vendo as dificuldades da escola em acompanhar e utilizar as novas tecnologias, alguns autores na década de 70 já falavam em  uma sociedade sem escola. Entretanto a escola cumpre funções que não são providas por nenhuma outra instância. Em parte a escola atual já necessita constituir-se em um espaço síntese, onde os alunos aprendem, não só a formação básica como ler, escrever, mas aprendem a atribuir significados às mensagens e informações recebidas das mídias, a decifrar códigos dentro das múltiplas linguagens colocadas aos alunos através dos meios tecnológicos.

      A tese da relação da docente está associada a determinado paradigma de qualidade da educação, onde a  aprendizagem se caracteriza pelo domínio de comportamentos práticos que transformem o aluno num sujeito competente. Entretanto, descaracterizar o sentido da aprendizagem escolar em decorrência da presença das tecnologias é um equívoco. Por outro lado, é certo que o impacto das tecnologias provocou uma turbulência nos modos convencionais de ensinar. Mas, a utilização pedagógica das tecnologias se incorpora  gradativamente no cotidiano da vida  docente e pode gerar efeitos cognitivos relevantes, porém não podem ser atribuídos somente a essas tecnologias. As resistências que poderão existir por parte dos professores poderão ser trabalhadas na formação inicial e continuada por meio da integração das ferramentas dos novos meios de tecnologia.

      As mídias podem apresentar-se pedagogicamente sobre três formas: como conteúdo escolar, portadoras de ideias emoções e valores; como competências e atitudes profissionais; como meios tecnológicos de comunicação humana. Desenvolvendo assim o pensamento autônomo, estratégias cognitivas, autonomia para organizar seu próprio processo de aprendizagem.

      Essa posição tomada por Libaneo, em sua abordagem com relação à escola em que poderia está com seus dias “contados”, aliás, já admitida há décadas atraz por autores que protagonizavam a “morte” da escola. Mesmo que as novas tecnologias surjam e causem tantos impactos assim, a meu ver, a escola é inatingível. Digo inatingível no sentido amplo do termo. Embora sucateada, e não sendo prioridade, como deveria ser, é na escola que bem ou mal, adquirimos reais possibilidades de ter acesso a tais meios  que causam ao professor tanta resistência. Mas, como mudanças, elas são mesmo passíveis de resistências.