LIBANEO, José Carlos. Adeus
professor. Adeus professora?. In: __.As novas tecnologias da Comunicação e informação,
a escola e os professores. 10. Ed. São Paulo: Cortez, 2007. P.54-74. P.15-30
A
educação e a comunicação sempre andaram juntas.
Embora, frequentemente esses termos sejam tomados como sinônimos, até há
quem queira substituir a teoria da educação pela da comunicação. O importante
aqui é reconhecer que as práticas educativas supõem processos comunicativos,
intencionais, e que a comunicação é educativa, visando alcançar objetivos de
formação humana. Esses vínculos se estreitaram consideravelmente, no mundo
contemporâneo, com os avanços tecnológicos e as suas transformações envolvendo
novas qualificações, e, portanto, novas exigências educacionais: a pedagógica,
a epistemológica e a pisico-cognitiva, no sistema produtivo.
A
prática educativa não se reduz somente à escola à família e a comunidade, mas também à instituições sociais, culturais,
recreativas, e meios de comunicação
etc. A escola, portanto não é detentora exclusiva do saber. Nesse sentido a
importância que a pedagogia exerce para a prática educacional é abordada
neste texto, com muita propriedade, em função de seu caráter intencional de natureza política, ética psicológica e
didática presentes nas transformações advindas das novas tecnologias da
comunicação à medida em que viabiliza os canais necessários criando as condições metodológicas e organizativas.
Dentro do processo de transformação resultantes
desses impactos, o novo paradigma
produtivo acompanha o processo de internacionalização da economia, da
globalização e dos mercados. A escola, inserida nessa nova economia, sustentada
em bases mínimas de escolarização que o capital precisaria para satisfazer
necessidades de qualificação profissional, implicaria em uma acentuação da
formação geral. Outro problema
discutido, é a resistência que os educadores demonstram em relação à difusão
das novas tecnologias sobre o argumento
de estarem inseridos na lógica de mercado e da globalização cultural, e que teria como efeito, a exclusão. Negar aos alunos a oportunidade de
recepção da informação, deixando-os fora do contexto de participação e inclusão
no processo de crescimento intelectual, político e social. O compromisso
com uma educação emancipatória e as demandas das novas realidades sociais,
econômicas, culturais, abrangeria as tendências: qualificação, capacitação
tecnológica, capacitação para cidadania e formação ética e educadores críticos.
Na avaliação dos novos meios de tecnologia e
comunicação, não se pode negar, especialmente, em relação ao caráter
sociopolítico: as desigualdades que se manifestam à medida que um número imenso de crianças brasileiras que
precisam de escola e que não têm perspectiva de serem incluídas em tais meios
tecnológicos. A escola, com seus meios convencionais, não teria lugar numa
sociedade com multiplicidades de novas ferramentas tecnológicas? Vendo as dificuldades da escola em acompanhar
e utilizar as novas tecnologias, alguns autores na década de 70 já falavam em uma sociedade sem escola. Entretanto a escola
cumpre funções que não são providas por nenhuma outra instância. Em parte a
escola atual já necessita constituir-se em um espaço síntese, onde os alunos
aprendem, não só a formação básica como ler, escrever, mas aprendem a atribuir
significados às mensagens e informações recebidas das mídias, a decifrar
códigos dentro das múltiplas linguagens colocadas aos alunos através dos meios tecnológicos.
A tese
da relação da docente está associada a determinado paradigma de qualidade da
educação, onde a aprendizagem se
caracteriza pelo domínio de comportamentos práticos que transformem o aluno num
sujeito competente. Entretanto, descaracterizar o sentido da aprendizagem escolar
em decorrência da presença das tecnologias é um equívoco. Por outro lado, é
certo que o impacto das tecnologias provocou uma turbulência nos modos
convencionais de ensinar. Mas, a utilização pedagógica das tecnologias se
incorpora gradativamente no cotidiano da
vida docente e pode gerar efeitos
cognitivos relevantes, porém não podem ser atribuídos somente a essas tecnologias.
As resistências que poderão existir por parte dos professores poderão ser
trabalhadas na formação inicial e continuada por meio da integração das
ferramentas dos novos meios de tecnologia.
As mídias podem apresentar-se pedagogicamente
sobre três formas: como conteúdo escolar, portadoras de ideias emoções e
valores; como competências e atitudes profissionais; como meios tecnológicos de
comunicação humana. Desenvolvendo assim o pensamento autônomo, estratégias
cognitivas, autonomia para organizar seu próprio processo de aprendizagem.
Essa posição
tomada por Libaneo, em sua abordagem com relação à escola em que poderia está
com seus dias “contados”, aliás, já admitida há décadas atraz por autores que
protagonizavam a “morte” da escola. Mesmo que as novas tecnologias surjam e
causem tantos impactos assim, a meu ver, a escola é inatingível. Digo
inatingível no sentido amplo do termo. Embora sucateada, e não sendo
prioridade, como deveria ser, é na escola que bem ou mal, adquirimos reais
possibilidades de ter acesso a tais meios
que causam ao professor tanta resistência. Mas, como mudanças, elas são
mesmo passíveis de resistências.